Fake news: que estratégias para combater a desinformação?

Debate sobre fake news. / Mundiario
Debate sobre fake news. / Mundiario

Foram oradores Afonso Oliveira, deputado; Paulo Rebelo Gonçalves, adjunto da Vice-Presidência na Câmara Municipal da Maia; Angélica Santos, jornalista, e Manuel Molinos, diretor-adjunto do Jornal de Notícias.

Fake news: que estratégias para combater a desinformação?

A primeira oradora no debate Fake news: que estratégias para combater a desinformação?, Angélica Santos, jornalista, diretora da publicação Notícias Primeira Mão, edição online, começou por nos dar informações pormenorizadas sobre os elementos que dão garantia de qualidade a um trabalho de jornalismo, realçando o sentido ético da profissão e fazendo referência ao modo como se desmontam publicações imprecisas. 

No desenvolvimento do tema, a oradora sensibilizou os alunos para a importância do espírito crítico, hábito que devem desenvolver e princípio pelo qual devem pautar a sua atitude enquanto leitores. De seguida, apresentou vários exemplos, com os quais captou a atenção da audiência, despertando os presentes para a necessidade de serem exigentes perante a informação que lhes chega. Terminou a sua intervenção com o incentivo à leitura, reiterando o mote “Ler jornais é saber mais”.

O incentivo à leitura e a exigência de espírito crítico foram, também, os tópicos que orientaram a intervenção do segundo orador, Manuel Molinos, diretor-adjunto do Jornal de Notícias e diretor digital Global Media Group. Através de uma apresentação detalhada sobre quais os interesses por detrás das fake news, quer no domínio político, quer no social e no económico, facilmente cativou os alunos e  promoveu a sua participação, enriquecendo o debate e tornando-o mais instrutivo. O jornalista realçou a importância de estarmos prevenidos perante as notícias falsas, adiantando diversas formas de o fazer.

Na sua comunicação, marcada pelo pormenor e pela precisão, apresentou um vasto leque de informações pertinentes sobre o tema, conseguindo o vivo interesse dos alunos, facilmente percebido pelas várias questões que, em geral, foram colocando ao longo do debate e, em particular,  pelas notas que foram tomando, na detalhada exposição do orador sobre os ensinamentos para nos tornarmos melhores leitores.

O terceiro convidado, Paulo Rebelo Gonçalves, adjunto da Vice-Presidência e Vereação de Educação e Ciência, Saúde, Desenvolvimento Social e Demografia na Câmara Municipal da Maia, destacou-se por ter conseguido manter uma grande interação com os alunos, em parte facilitada pelo tema das redes sociais. Frisou que "O" problema reside no facto de o público, cada vez mais, não ler jornais, não ouvir rádio nem assistir a debates televisivos; ou seja, se não lermos nem ouvirmos as fontes credíveis, não poderemos combater a desinformação. Continuou, advertindo que é preciso ver para criticar e formar a nossa opinião pois, só assim, poderemos debatê-la entre pares e no seio familiar ou escolar. Acrescentou que é imprescindível ter um olhar crítico sobre as realidades do dia a dia e, sobretudo, ter abertura para discutir e debater outras opiniões, pois são essas atitudes que valorizam as qualidades de um cidadão de pleno direito.

Concluiu a sua participação com a definição de fake news do jornalista Manuel Molinos, que deixou como elemento de reflexão para os presentes: “As fake news são como algum vestuário que se compra nas feiras. Às vezes nem se percebe a diferença. E usamos os artigos sem hesitação, indiferentes se estamos a contribuir para um crime de contrafacção”.

A última intervenção coube a Afonso Oliveira, deputado pelo PSD na Assembleia da República, a que deu particular enfoque à questão da participação cívica dos cidadãos, a todos os níveis, e à importância da educação, do conhecimento, da informação e do espírito crítico. Estes, disse, são pilares fundamentais na construção de uma sociedade mais informada e participativa. 

O parlamentar promoveu um debate vivo e alargado que envolveu, não só os alunos, mas que contou, igualmente, com a participação dos demais oradores convidados, contribuindo, deste modo, para aprofundar a reflexão sobre os temas em análise.

Concluiu a sua participação com um apelo à exigência: é necessário estar mais e melhor informado e ser mais conhecedor. Só assim poderemos estar preparados para os desafios que a sociedade moderna nos coloca.

"Agradecemos aos nossos convidados a sua disponibilidade e o inestimável contributo que, cada um a seu modo, deu, para informar (e formar) os nossos alunos, sobre um tema da maior importância prática nos dias que correm. Incentivando a sua participação, permitiram-lhes criar consciência sobre a realidade das falsas notícias e dos graves perigos que estas representam para a sociedade, ensinando-os a questionarem-se, criticamente, sobre as notícias que lhes chegam e alertando-os para a importância do recurso às fontes fidedignas de informação. Cremos que os alunos, participantes deste debate, saíram dele conscientes de que estes são aspectos determinantes para a construção de uma sociedade mais justa", realçou a organizaçao.

Acreditaron que os presentes não só consolidaram os seus conhecimentos sobre o tema “Fake News: que estratégias para combater a desinformação?”, como, também, se consciencializaram de que é preciso mudar, agir com sentido de responsabilidade e fazê-lo com muita determinação.

Só conseguiremos evitar a permeabilização à desinformação, se desenvolvermos a nossa capacidade crítica, se formos exigentes e estivermos bem preparados para enfrentar os desafios de uma sociedade que se revela, a cada dia que passa, mais complexa e exigente. Parafraseamos o professor Magallón Rosa quando cita Ansip “Lutar contra a desinformação requer um esforço colectivo” (Rosa, 2019: 131).  

E, com esta máxima na mente, podemos, com muita satisfação, dizer que esse esforço foi, sem dúvida, feito por cada um dos nossos convidados, que tão eficazmente transmitiram os seus conhecimentos e, também, pelos nossos alunos, que participaram de forma interessada e responsável. Bem-haja! @mundiario


Rosa, Raúl (2019). Unfaking News: como combater a desinformação, Porto, Media XXI.

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