Homenagem a Casimiro Neves

LUíS REIS MUNDIARIO
Luís Reis. / Mundiario
Bem-aventurado significa alguém que possui uma felicidade superior que não é alcançada de forma natural, na esfera deste mundo, disse Luís Reis.
Homenagem a Casimiro Neves

Homenagear o nosso querido e saudoso pai, P. Casimiro Neves é, não só agradecer-lhe a vida que nos legou mas, também, todos os ensinamentos que dele recebemos e nos enchem de orgulho por sermos seus filhos. Homenageá-lo é, ainda, enaltecer o homem de família exemplar que foi, lembrando as suas melhores qualidades como marido, como pai e como avô. A sua esposa, filhos e neta recordá-lo-ão, para sempre, como um Anjo que espalhou o amor em seu redor e juntam a sua voz, tão triste e saudosa quanto orgulhosa, à do Pastor Luís Reis, Professor do Meibad - Instituto Bíblico das Assembleias de Deus - que assim disse, na cerimónia fúnebre, no dia 18 de novembro de 2019:

“Desejo apresentar, em meu nome e no de minha mulher, sentidos pêsames à esposa, irmã Maximina Neves, aos filhos, Eunice e Paulo, aos restantes familiares e amigos, bem como à Assembleia de Deus do Porto, pela separação temporária do nosso saudoso Pastor Casimiro das Neves. É para mim um privilégio, como colega e amigo do Pastor Casimiro das Neves, ter sido convidado pela sua família para dirigir aos presentes uma mensagem de salvação e de esperança eterna, nesta solene homenagem, e honrar a sua memória. Para tanto, gostaria de basear a minha mensagem no texto que se encontra exarado nas Sagradas Escrituras, em Ap 14:13 PJFA: “Então ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham.”

Bem-aventurado significa alguém que possui uma felicidade superior que não é alcançada de forma natural, na esfera deste mundo. Trata-se de uma felicidade que tem a sua origem na graça de Deus e a sua consumação plena no céu. É o modelo de felicidade do qual só desfrutam aqueles que foram resgatados e purificados pelo sangue de Jesus ou, dizendo de outra maneira, aqueles que experimentam uma verdadeira salvação em Jesus Cristo: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” (Ap 22:14 PJFA).

CASIMIRO NEVES MUNDIARIO

Casimiro Neves. / Mundiario

Podemos dizer, sem receio de errar, que o Pastor Casimiro das Neves foi, e continua a ser, um desses bem-aventurados, pois que, ainda muito jovem teve um encontro com Jesus Cristo, ao aceitá-lo como único e verdadeiro Salvador. Embora o seu corpo esteja perante nós, a sua alma espiritual está perante o seu Senhor, aguardando o dia da ressurreição.

A Palavra de Deus sublinha que são “bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor”. Morrer no Senhor implica que, enquanto tiveram vida, viveram no Senhor ou seja, Cristo viveu neles, e eles por sua vez, viveram na fé do Filho de Deus, na certeza de que Cristo os amou e a si mesmo se entregou por eles, conforme Paulo escreveu aos gálatas, acerca da sua própria experiência: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20 PJFA). O mesmo podemos dizer do Pastor Casimiro das Neves: que ele viveu a sua preciosa vida na fé do Filho de Deus, na plena certeza que Cristo o amou e como corolário se entregou na Cruz do Calvário para o salvar, libertar e transformar sua vida.

E quantas poderosas mensagens sobre este tema, que tão caro lhe era, não pregou ele, a tantos que o ouviam, durante o seu abençoado e frutífero ministério? Não é, pois, de admirar, que tenha sido um homem com excelentes qualidades: cordial, afável, amigo, paciente, conciliador, de fino trato e que irradiava muita simpatia perante quem o conhecia e privava com ele. Sem dúvida, um verdadeiro cavalheiro! Numa outra versão mais atualizada, o versículo que serve de introdução a esta mensagem, diz o seguinte: “Então ouvi uma voz do céu, que disse: —Escreva isto: felizes as pessoas que desde agora morrem no serviço do Senhor! —Sim, isso é verdade! —responde o Espírito de Deus. —Elas descansarão do seu duro trabalho porque levarão consigo o resultado dos seus serviços.” (Apo 14:13 NTLH)

O serviço do ministério, contrariamente ao que alguns pensam, é sempre um trabalho duro, onde abundam as preocupações, as lutas e as provas inerentes para quem deseja, acima de tudo, servir com abnegação, amor e fidelidade, como foi apanágio do Pastor Casimiro. O nosso saudoso pastor e amigo, que nos deixou para estar com Cristo, experimentou esse trabalho duro, nas lides do Obra de Deus, como um consagrado servo do Senhor e da Sua igreja, desde os seus verdes anos, pois bem novo decidiu dedicar-se integralmente no labor do Evangelho.

Quantas experiências a seu respeito não poderiam ser contadas, aqui, por quem o conheceu: os seus colegas, os seus cooperadores e os crentes que pastoreou em várias igrejas, neste País! Apraz-me registar, com gratidão e em abono da verdade, e não como palavras de circunstância, que o já saudoso amigo e companheiro, Casimiro das Neves, foi uma coluna no Movimento das Assembleias de Deus, pertencendo a uma geração de ilustres pregadores do evangelho que Deus levantou em Portugal, entre outros, como Manuel Moutinho e Domingos Barradas, também ele, já com o Senhor, e António Barata, ainda entre nós, aos quais muito devem as gerações mais recentes, incluindo a minha geração.

Pela graça de Deus e no poder do Espírito Santo, realizou uma obra meritória, aos olhos de Deus e dos homens, como um eloquente pastor, pregador e ensinador, reconhecido não só pelas Assembleias de Deus, como pelas demais famílias evangélicas do nosso País. Sendo um verdadeiro mestre da Palavra, ensinava com profundidade a sã doutrina, da qual nunca se desviou, mantendo-a, sempre, como fundamental no seu ministério.

O Pastor Casimiro das Neves, como o versículo aponta, “já descansou dos seus duros trabalhos” e leva consigo para a glória celestial, como diz o versículo, “o resultado dos seus serviços.” Temos, pois, a plena certeza de que grande será o seu galardão, conforme afirma o escritor da Carta aos Hebreus: “Porque Deus não é injusto, para se esquecer da vossa obra, e do amor que para com o seu nome mostrastes, porquanto servistes aos santos...” (Heb 6:10 PJFA), pois conforme 1Pe 5:4, quando o Cristo, o Supremo Pastor, se manifestar receberá a imarcescível coroa da glória.

Finalizo com um apelo, a todos quantos estão assistindo a esta homenagem e ainda não tiveram um encontro com Cristo: que o aceitem como vosso único e suficiente Salvador, para terdes a mesma esperança de vida eterna. E, aos que já são de Cristo, que permaneçam fiéis até ao cabo da vossa carreira. À estimada irmã Maximina, peço a Deus que conforte o seu coração, e a mantenha firme, na certeza de que, se formos fiéis, como o seu marido foi, voltaremos a encontrar-nos na glória celestial. Aos seus filhos, Eunice e Paulo, digo que a maior homenagem que podem prestar ao vosso paizinho é seguir as suas pisadas de fé, entregando as vossos vidas ao Senhor, e assim será possível voltar a estar com ele no Lar Celestial, como seguramente era o seu desejo. Ao Pastor Casimiro não será um adeus, mas um até já, pois o reencontro poderá dar-se a todo o momento. Deus vos abençoe!”.

Pastor Luís Reis: Ex-Presidente da Convenção das Assembleias de Deus em Portugal; Ex-Presidente da Aliança Evangélica Portuguesa; Professor do Meibad, Instituto Bíblico das Assembleias de Deus; Conferencista e Presidente do Lar de Crianças Bom Samaritano em Portimão. @ mundiario

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